Por força da decisão transitada em julgado nos autos do Processo nº 0077000-45.2009.5.10.0006, em 24 de outubro de 2011, o SINDICATO NACIONAL DOS SERVIDORES DAS AGÊNCIAS NACIONAIS DE REGULAÇÃO - SINAGÊNCIAS foi reconhecido como ÚNICA entidade sindical com poderes de representação da categoria dos servidores das agências reguladoras federais, independentemente de seu regime funcional.

Unareg

Projeto do Senador Anastasia propõe privatização do poder de polícia e abre caminho para pleno desenvolvimento do patrimonialismo no âmbito do executivo federal

Há 7 anos


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último dia 17/08, o Senador Antonio Anastasia (PSDB/MG) apresentou o

Projetode Lei do Senado nº 280/2017,

que “estabelece diretrizes e requisitos para a delegação, no

âmbito da Administração Pública Federal, do serviço público de

fiscalização administrativa
aparticulares”.

O PLS se encontra na Comissão de Constituição e Justiça do Senado

Federal (CCJ) aguardando a designação do relator.


A

União Nacional dos Servidores de Carreira das Agências Reguladoras

Federais - UnaReg - associação civil sem fins lucrativos

representante de cerca de dois mil servidores concursados das

agências reguladoras federais responsáveis pela fiscalização de

prestadores de atividades econômicas e serviços públicos de

telecomunicações; produção, transmissão e distribuição de

energia elétrica; exploração, produção e distribuição de

petróleo e derivados; saúde suplementar; transportes terrestres e

aquaviários; aviação civil e bens e serviços sob vigilância

sanitária, audiovisual e recursos hídricos - recebe tal proposição

com imenso repúdio

haja vista não ter sido precedida de qualquer iniciativa efetiva de

desaparelhamento político das instituições de fiscalização

federais, as quais, nos últimos anos, foram inundadas de

apadrinhados políticos ligados a Deputados Federais e colegas do

próprio Senador Anastasia dos mais diversos partidos e matizes

ideológicas.


Tal

proposta constitui enorme e grave ofensa à queles que, investidos em

cargos públicos por meio de concursos públicos acessíveis a

qualquer cidadão brasileiro (mesmo aquele que nunca foi filiado a um

partido político, nunca balançou bandeira em comício e não

conhece ninguém influente), trabalham dia e noite para tentar fazer

a lei ter o mínimo de eficácia em um país historicamente infestado

pela doença do patrimonialismo, que favorece os empresários mais

próximos do poder e desprestigia aqueles que buscam o sucesso

tornando-se mais competitivos.


Justamente

em um momento de crise fiscal provocada por excessos de politização

e partidarização do Estado, surge esta iniciativa - como outras que

no apagar das luzes de um Congresso Nacional questionado e mergulhado

nos esquemas de corrupção em apuração - que visa, mais uma vez,

enfraquecer as estruturas estáveis da administração pública,

criadas justamente para garantir a igualdade de condições a todos

os cidadãos, independente de quem esteja no poder.


Basta

ligar a televisão para perceber que nunca foi do interesse da classe

política fortalecer o trabalho de fiscalização administrativa e

outros processos típicos do poder de polícia e sim, dentro do que é

loteado para cada aliado do governo, aparelhar esses processos para

ter o controle de quem é beneficiado e de quem pode ser prejudicado

pela intervenção do Estado em um determinado setor. Relembra-se que

o servidor de carreira denunciante da operação Carne Fraca foi

transferido e afastado ao insistir que os serviços de inspeção

agropecuária em sua repartição fossem executados de acordo com as

normas legais.


A

UnaReg reconhece que muitos procedimentos executados hoje pelas

agências reguladoras federais estão em dissonância com a teoria da

regulação e precisam ser repensados em prol de uma fiscalização

mais eficiente e focada nos bens jurídicos que coube a esses órgãos

tutelar após o processo de desestatização iniciado na década de

noventa.


Cabe

discutir, por exemplo, porque a ANTT fiscaliza o peso de caminhões

em estradas concedidas quando poderia apenas fiscalizar as condições

de uso das rodovias, deixando para as concessionárias, sob pena de

multa, a adoção dos procedimentos necessários à  manutenção das

boas condições do pavimento, entre elas impedir o trânsito de

caminhões com excesso de peso.


Não

só isso. Muitos processos de outorga constituem verdadeiras

“gincanas” totalmente dissociados dos fins para quais foram

criados.


Esse

repensar sobre as agências reguladoras federais deve fazer parte do

debate que vem ocorrendo no âmbito do PL 6621/2016 (“Lei Geral das

Agências”), o qual acerta em muitos pontos ao estabelecer regras

com grande potencial para melhorar a gestão das agências

reguladoras.


Não

é privatizando serviços de fiscalização que o problema será

resolvido. A retirada do Estado do setor produtivo pressupõe a

existência de servidores estáveis, imparciais, capacitados e

especializados para fiscalizar os serviços públicos e as atividades

econômicas de interesse público que passaram a ser prestados por

particulares de maneira isonômica, justa, técnica e equilibrada, o

que somente se garante através de concurso público. Não se pode

colocar “a raposa para tomar conta do galinheiro”.


O

concurso público e a estabilidade dos agentes que exercem funções

típicas de estado são garantias do cidadão e do bom empresário,

não do servidor.